quarta-feira, 6 de março de 2013

Sobre "Illinois" (Sufjan Stevens, 2005)

 Se ouve falar muito sobre as dificuldades que as grandes produtoras e a indústria musical passam atualmente. São problemas relacionados à pirataria e à facilidade que há em ter acesso ao material que elas buscam lucrar sobre. 
 Por outro lado, essa facilidade de acesso abriu possibilidades para novos artistas produzirem seu material e divulga-lo, independente de grandes produtoras, e para os amantes da música terem acesso a esse material. Eles estão por aí, nessa profusão de possibilidades que a Internet nos proporciona - basta o artista saber como atrair ouvintes e divulgar seu material.
 O conceito de "Rock independente" (ou "Indie Rock") pode variar muito. Ele é atribuído à esses artistas que, independente de grandes gravadoras, produzem seu material e o distribuem pelos mais variados meios de comunicação, como o rádio, a televisão e, principalmente, a Internet.
 Em âmbito nacional, a MTV Brasil vem abrindo possibilidades para esses artistas independentes, o que se percebe principalmente no VMB - Video Music Brasil - premiação que, ano passado, contou com indicados como Vivendo do Ócio, Vanguart, Mallu Magalhães, Clarice Falcão, Cícero, entre outros.



Arte de capa de Illinoise (2005)
 É em meio a essa profusão de possibilidades um tanto confusa que surge o álbum Illinois (também conhecido como Illinoise ou Sufjan Stevens Invites You To: Come On Feel the Illinoise).
 Sufjan Stevens buscou produzir uma homenagem ao estado americano de Illinois, retratando toda a sua história - há referências sobre datas comemorativas, políticos, personagens históricos, assassinos, pontos turísticos e até casos de avistamentos de OVNI's.
 O álbum conta com um estilo folk (a música popular estadunidense) combinado com um jazz e algumas músicas acompanhadas de coro ou uma pequena orquestra.

 Assim como Chicago pode ser considerada uma das principais cidades do estado de Illinois, "Chicago" pode ser considerada a peça central desse álbum.
 Nela o protagonista participa de uma viagem pelas grandes cidades dos Estados Unidos, primeiramente Chicago e depois Nova York. 
 Esse personagem passa por uma série de problemas e decide não enfrenta-los, em vez disso ele muda de cidade e iniciar uma nova vida. Ele tem uma visão idealizada dessas cidades - em sua imaginação, elas são lugares onde tudo é possível e todos são felizes, porém quando ele chega nesses locais, ele percebe que essas imagens só existiam em seus pensamentos. "I drove to New York (...) Was in love with the place. In my mind, in my mind
 Em um segundo momento a letra da música ganha um efeito triste, pois esse personagem percebe que aquela imagem de cidade perfeita não passava de uma utopia. Ele não teria total liberdade e controle de seus problemas só porque agora ele se mudou para essas cidades. "If I was crying. In the van, with my friend. It was for freedom. From myself and from the land"
 No entanto, em um terceiro momento, esse personagem volta a ter um pensamento positivo e percebe que em nenhum lugar ele viveria da maneira utópica como ele imaginava. 
 Devemos ser realistas e tentar agir para tornar a nossa vida melhor, independente do lugar em que vivemos.  
 Nenhuma cidade - assim como o mundo - não são perfeitos. Depende do ponto de vista de cada um de nós para tornar esse lugares melhores, não se preocupando com os problemas, pois esses acontecimentos são passageiros. "I made a lot of mistakes (...) You came to take us (All things go, all things go). To recreate us (All things grow, all things grow)"


 "John Wayne Gacy (17 de março de 1942 - 10 de maio de 1994), foi um assassino em série americano, conhecido como o "palhaço assassino" atuava no estado de Illinois. Acusado de matar pelo menos 29 garotos, foi condenado a 21 prisões perpétuas e 12 penas de morte." (Wikipédia)

 "John Wayne Gacy, Jr." é a quarta faixa do álbum. Pode parecer estranho escrever uma música sobre um assassino psicopata. Como Sufjan Stevens aborda o tema? Provavelmente ele condenou John Wayne Gacy Jr como a pessoa mais terrível que já existiu, lamentou as mortes, gritou por justiça. Coreto?
 Muito pelo contrário. Sufjan escreve a música a partir de uma perspectiva cristã de que todos os homens são iguais perante Deus. Esse psicopata cometeu uma série de atrocidades, porém esses atos têm uma origem no passado do assassino, em sua infância. Ele foi uma criança que tinha um "pai que bebia demais e uma mãe que chorava enquanto dobrava as roupas de John Wayne e assistia seu marido bater no filho". "His father was a drinker. And his mother cried in bed. Folding John Wayne's t-shirts .When the swingset hit his head"
 Não é porque John Wayne pecou em vida que isso faz de sua alma menos importante que a dos outros. O estado de alma de todos os homens são iguais, afinal, no fim todos os pecados serão perdoados. "And in my best behavior. I am really just like him. Look beneath the floor boards. For the secrets I have hid" - esse verso diz tudo. (Algo como: "E no meu melhor comportamento. Eu sou realmente como ele. Olhe por baixo as tábuas do assoalho. Para os segredos que lá estão escondidos.")


 O álbum conta com outras grandes músicas, como "Jacksonville" ou "Casimir Pulaski Day", (todas fazendo referência ao estado de Illinois) e algumas que não passam de vinhetas instrumentais que sucedem as canções. Se você se interessar por conhecer o álbum completo, ele está disponível no YouTube:


 Oservações sobre as músicas:
 
A primeira faixa do álbum, "Concerning the UFO Sighting Near Highland, Illinois" (algo como "Sobre o Avistamento de OVNI próximo Highland, Illinois"), se refere a um avistamento de OVNIs em massa que ocorreu no estado norte-americano. O documentário "Caçadores de OVNIs" (UFO Hunters), da History Channel, já fez um episódio a respeito do ocorrido. (Link para vídeo no YouTube)

 A sexta faixa do álbum, "A Short Reprise for Mary Todd, Who Went Insane, but for Very Good Reasons", se refere a Mary Todd Lincoln, esposa de Abraham Lincoln, legislador do estado de Illinois. Ela acabou ficando doida por consequência da morte de seus dois filhos e marido.
 A décima faixa do álbum, "Casimir Pulaski Day", se refere a um feriado do estado de Illinois.

 Você tem algo a mais para comentar sobre o álbum? Concorda com o que foi escrito? Discorda? Já conhecia outras músicas do artista?
 Comentários, sugestões, pedidos e críticas são bem vindos!  
 Ajudem a divulgar a nossa página para que seus amigos possam apreciar a música com outros olhos (ou ouvidos). Goodbye, Blue Sky! Até a próxima!

Um comentário:

  1. Este album é muito bom!! Ainda não cansei de ouvi-lo apesar das diversas viagens a faculdade com o fone no ouvido...Recomendo!

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