sexta-feira, 3 de maio de 2013

Edward Sharpe: Um Messias popstar para a cultura hippie

"Well your wartime is Funny
Your guns don't bother me
I said we're out to prove the truth of
The man from Galilei
Well your laws are for Dummies
Your institution is dead
I say we're out to blow the trumpet
To wake you all from bed"

 Edward Sharpe and the Magnetic Zeros é um conjunto musical que conta com dez membros e, diferente do que o nome nos faz pensar, é liderada por Alex Ebert, vocalista e compositor que adotou um estilo baseado na cultura hippie: cabelos e barba longa, sendo, até mesmo, comparado com um "Jesus popstar".
  Ele conta que a origem do conjunto foi quando, em pleno verão de 2009, um Messias desceu à Terra com o objetivo de salvar toda a humanidade, porém ele acabou se apaixonando e decidiu permanecer por aqui mesmo. Os resultados desse acontecimento foram relatados em Up From Below, o primeiro álbum do Edward Sharpe & The Magnetic Zeros, lançado no mesmo período dessa visita extraterrena; em julho de 2009 (lembrando que, enquanto aqui no hemisfério sul é inverno, lá no hemisfério norte é verão).
 Todos precisamos de mitos para confortar o medo e a vaidade humana, porém a verdadeira origem do conjunto é um pouco diferente dessa que nos foi contada. Na verdade Alex Ebert realizou uma grande viagem ao
 redor dos E.U.A. com um ônibus escolar, acompanhado de sua companheira e um punhado de amigos, compondo canções, criando apresentações futuras e realizando reflexões sobre assuntos que dizem respeito ao mundo atual. Foi daí que surgiu o Edward Sharpe & The Magnetic Zeros.

 A história contada por Alex Ebert tem sua beleza não literal uma vez que ela não pode ser analisada ao pé da letra. Na verdade o Edward Sharpe & The Magnetic Zeros tem a missão de salvar a humanidade do esquecimento da cultura folk-hippie, o que se observa na geração musical atual. É um conjunto que veio para mostrar que o mundo passa por constantes transformações e que, desse modo, a cultura hippie não ficou presa no passado; não ficou reclusa nas canções de Janis Joplin, nos riffs elétricos de Jimi Hendrix ou nos acordes psicodélicos de Jefferson Airplane. A cultura hippie ainda está presente hoje em dia, porém contextualizada aos tempos atuais - não faz mais sentido falar em fim da Guerra do Vietnã se esta terminou já faz mais de 30 anos. A música pode ser usada para retratar acontecimentos do passado com grande maestria, no entanto não podemos nos esquecer que estamos vivendo o presente, o agora, e a música serve como um meio pelo qual retratamos nosso ponto de vista sobre a sociedade e o mundo atual  - "Well your wartime is Funny / Your guns don't bother me / I said we're out to prove the truth of / The man from Galilei"

 O que o Edward Sharpe & The Magnetic Zeros faz é um retorno à cultura folk-hippie, contextualizando-a para a relidade atual, com a principal missão de impedir que ela desapareça.  Desse modo o conjunto mostra como não podemos ficar presos ao passado, mas devemos viver o presente e agir contra aquilo que não concordamos. Os contextos históricos mudam, mas o dever de agir contra aquilo que não concordamos permanece. "Well your laws are for Dummies / Your institution is dead / I say we're out to blow the trumpet / To wake you all from bed"





Capa de Up From Below (2009)




 Todas essas ideias que acabei de apresentar está contida em Jaglin, segunda faixa de Up From Below (2009) - música que, na minha opinião, expõe de maneira mais clara os ideais do conjunto.



 Dando uma pausa aos devaneios e reflexões, outra canção que fez bastante sucesso nos últimos anos foi Home, segundo single da banda. Com os assovios contagiantes e uma variedade de instrumentos, a banda nos mostra que nós, na realidade, não temos uma moradia fixa. "Home" se refere às pessoas convivendo juntas, e não necessariamente a uma casa. "Alabama, Arkansas / I do love my ma and pa / Not that way that I do love you"

 

 40 Day Dream, primeira faixa de Up From Below e primeiro single da banda, narra as experiências de alguém que está apaixonado e vê isso como um sentimento bom de mais para ser verdade, como se ele estivesse sonhando durante todo esse período. "Oh, it's the magical mystery kind / Oh, must be a lie / Bye bye to the too good to be true kind of love / Oh, now I coud die"



Capa do álbum Here (2012)


 O segundo álbum da banda, Here, lançado em Maio de 2009 alcançou o sétimo lugar no ranking dos 50 melhores álbuns de 2012 segundo a revista Rolling Stone. Ele apresenta letras mais carregadas de sentimentalismo e se aproxima mais do folk com uma menor variedade de instrumentos  
 O que mais chamou atenção em Here foram os videoclipes atribuídos as canções do álbum - cada um contendo um significado especial.


 No videoclipe MaylaEdward Sharpe & The Magnetic nos faz refletir sobre dois assuntos que dizem respeito aos aspectos humanos: a felicidade contida no sentimento amoroso entre duas pessoas e a relação estabelecida entre objetos materiais no ponto de vista de pessoas diferentes: o que pode ser considerado lixo para alguns pode ser visto como luxo para outros. "Mayla, long time / May the sunshine hold on, we're trying / Our hands our bleeding through / We're building us a new horizon"



 Em Child, o conjunto nos mostra como a juventude não depende unicamente da idade física dos indivíduos, além disso ele realiza um retorno ao passado e apresenta a vida a partir do ponto de vista ingênuo de uma criança. "It's either love or just the sun in my eyes / and I say: come on child."


 Já em That's What's Up, com um ritmo e um videoclipe mais animados, está presente a ideia de que o sentimento amoroso entre duas pessoas permanece, não importa o que aconteça, e que na sociedade urbana atual, há a necessidade de, de vez em quando, sairmos da rotina e da formalidade no contato entre os indivíduos para realizarmos outras experiências  que não tenham rumo ou hora de voltar para casa. "Love, it is our honour / Love, it is our all / Love goes on forever / Yeah love it is our home"


 E, para finalizar com chave de ouro, temos Man on Fire, primeiro single do álbum Here e uma de minhas canções favoritas. Podemos imaginar: Mas por que um "homem em chamas"? Bem, certamente um homem em chamas chamaria muita atenção nas ruas. Mas esse homem não está literalmente queimando. O cantor da música está passando por um processo de purificação que "queima" tudo aquilo que não seja pensamentos positivos presentes no interior dele. "I’m a man on fire / Walking through your street / With one guitar / And two dancing feet"
 Há a relação da música como um instrumento de transmissão de sentimentos. Mas qual seria o desejo (desire) do cantor aos dizer esses versos: "Only one desire / That’s left in me / I want the whole damn world / To come dance with me" ? Tendo em mente a música como um meio de transmissão de ideais, valores e sentimentos, esse desejo seria de fazer com que as pessoas entendam aquilo que está contido em sua música e, desse modo, passem a viver com um ponto de vista mais positivo em relação as coisas, evitando sentimentos inúteis que possam poluir nossos pensamentos. "Come dance with me / Over heartache and rage / Come set us free / Over panic and strange"

"I wanna see our bodies burning like the old big sun
I wanna know what we’ve been learning and learning from"

 Desse modo o cantor nos ensina a apreciar até mesmo os acontecimentos ruins, pois são esses acontecimentos que nos ensinam a viver de maneira melhor; o conhecimento de vida é construído a partir de nossas experiências. "Everybody want romance (romance love)  / Everybody want safety (safety love) / Everybody want comfort (comfort love) / Everybody but me"


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