Na última postagem que eu fiz para o blog, a respeito de Clássicos do Rock interpretados por conjuntos de Indie Rock, eu gostaria de ter colocado algumas músicas dos Beatles interpretadas por outros conjuntos, mas havia tantas versões cover de músicas dos Beatles que eu pensei que daria para montar outra postagem só com essas músicas. E não é que deu mesmo?
Lembrando que esses artistas buscam homenagear os músicos do passado (John, Paul, George e Ringo, nesse caso), os quais são suas grandes influências, com versões cover de suas músicas, muitas vezes com arranjos e improvisos que a diferenciam da versão original. Além disso, a beleza de qualquer versão cover de uma música não está em tocá-la à maneira mais parecida possível com a original, mas está em interpretá-la com um outro olhar.
A postagem foi organizada em ordem cronológica, de acordo com o ano de lançamento dos respectivos álbuns dos Beatles.
You Really Got a Hold On Me, por She & Him Na verdade, You Really Got a Hold On Me não é uma canção escrita originalmente pelos Beatles, mas ficou famosa por aparecer no segundo LP - With The Beatles - do quarteto de Liverpool.
Link para a versão dos Beatles (With The Beatles): YouTube
"I'm a Loser", por The Eels
Link para a versão original (Beatles for Sale): YouTube
"In My Life", por Johnny Cash
Link para a versão original (Rubber Soul): YouTube
"Happiness Is a Warm Gun", por The Breeders
Link para a versão original (The Beatles; "The White Album"): YouTube
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A beleza de qualquer versão cover de uma música não está em tocá-la à maneira mais parecida possível com a original, mas está em interpretá-la com um outro olhar
Muitos artistas e bandas independentes veem os artistas do passado como suas grandes inspirações. O Rock'n Roll surgiu na década de 50 como uma maneira dos jovens se expressarem dentro da sociedade e, a partir daí, acabou ganhando proporções tão perceptíveis, que ficou difícil não considerar a influência desse gênero musical em nossa vida cotidiana - ainda mais hoje, em que a Internet oferece uma profusão de possibilidades para novos talentos produzirem e distribuírem seu material, ao mesmo tempo em que fãs e amantes da música tenham acesso a ele. É daí que surge o conceito de Indie Rock (ou Rock Independente). Os artistas ou conjuntos independentes geralmente fazem questão de manter total controle sobre aquilo que é produzido por ele, sem que grandes produtoras influenciem no processo. Os subgêneros do Indie Rock variam muito, tendo influências enraizadas desde o Folk (como The Decemberists ouBoy & Bear), Garage Rock (comoThe Strokesou The Black Keys) até conjuntos com uma sonoridade tão exótica que fica difícil enquadrá-los em um gênero específico (Modest Mouse é um bom exemplo). É nesse mar de diversidade que se encontra aquilo que chamamos de Rock Independente.
Quem não gosta de mistura e acredita em coisa pura
saiba que um dia água e óleo vão se misturar
É só ver a natureza, a diferença é a beleza
Peixes de um milhão de cores nadando no mesmo mar
(MegaRex)
Portanto podemos perceber que o Rock não morreu - e nem está morrendo (ok, MTV?) - mas está passando por uma série de transformações que, visto a música como um meio de se expressar dentro da sociedade, tentam enquadrá-lo dentro de um novo contexto a cada dia que passa.
Muitos artistas buscam homenagear músicos do passado, suas grandes influências, com versões cover de suas músicas, muitas vezes com arranjos e improvisos que a diferenciam da versão original. Aí vão para vocês algumas versões de Clássicos do Rock interpretados pelo Indie Rock que eu considero como minhas favoritas.
(Conhece versões de músicas diferentes dessas que foram postadas? Comente no final do tópico !)
Billie Jean(Michael Jackson), por The Civil Wars
Billie Jean is not my lover She's just a girl Who claims that I am the one But the kid is not my son Sim, estou falando do rei do pop. Em 2011, Joy Williams e John Paul White, doThe Civil Wars, do Tennessee, regravaram, em uma versão bem diferente da original, o grande hit de Michael Jackson, Billie Jean, para o primeiro álbum da dupla: Barton Hollow.
A beleza de qualquer versão cover de uma música não está em tocá-la à maneira mais parecida possível com a original, mas está em interpretá-la com um outro olhar.
O melhor exemplo que pode contextualizar a frase acima é a versão cover de Iron Man, pela banda sueca de Indie Pop, The Cardigans.
Enquanto a versão original do Black Sabbath é selvagem e impactante, a versão do The Cardigans é doce e relaxante (e mesmo assim não perde o cerne da versão original). Ótimo cover!
Mother And Child Reunion (Paul Simon), por The Morning Benders
Mother And Child Reunion foi o primeiro single lançado por Paul Simon, como carreira solo, após o último álbum de estúdio da dupla Simon & Garfunkel, além de ser a primeira música de um artista branco a conter traços de Reggae e ter sido regravado, com grande maestria, pelo conjunto da California, The Morning Benders.
A música de Lennon se refere, definitivamente, a um garoto ciumento, pois expressa o sentimento do ciumes da melhor maneira genial e sentimental que Lennon tinha. Grande interpretação, ao vivo, por Elliott Smith.
Sentimental (Los Hermanos), por Phillip Long e outros...
Também não podemos nos esquecer dos grandes nomes atuais da música nacional. Cícero Rosa Lins, uma dos grandes nomes do MPB dos últimos anos, juntamente com outros grandes artistas, prestaram uma homenagem ao Los Hermanos no álbum Re-Trato: Tributo a Los Hermanos. Grandes sucessos da banda carioca estão nesse grande tributo.
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A beleza de qualquer versão cover de uma música não está em tocá-la à maneira mais parecida possível com a original, mas está em interpretá-la com um outro olhar.
Que é que custava morrer de fome só pra fazer música?
Após ter narrado um anúncio televisivo da Coca-Cola no início do mês de março deste ano, Tom Zé foi duramente criticado por seus fãs mais puristas e exaltados em comentários nas redes sociais, principalmente no Facebook, como "velho vendido", "americanizado" e "traidor!"; e o caso não parou por aí: o músico decidiu dar o troco.
Tom Zé, juntamente com um grupo de músicos que decidiram apoiá-lo, pegaram em seus instrumentos e conceberam músicas irônicas e bem humoradas em resposta às críticas. Foi assim que Tom Zé, Emicida, Filarmônica de Pasárgada, Tatá Aeroplano, O Terno e a Trupe Chá de Boldo deram a luz ao Tribunal do Feicebuqui.
“Certidão de nascimento:
Nasceu aos 22 dias do mês de abril, sob o signo de In-Touro-Net, o filho do coca-colismo espermatizado pelos amigos do Tom Zé. (…)
E começaram a nascer as canções que comporiam um LP (vinil) e um CD a se chamar Tribunal do Feicebuqui.”
(Encarte do disco Tribunal do Feicebuqui, disponível para download aqui)
As cinco faixas que compõem o disco representam o melhor da genialidade de Tom Zé.
Em Tribunal do Feicebuqui (Tom Zé Mané), primeira faixa do disco, o Tribunal da rede-social tem início com uma série de acusações direcionadas ao músico, o qual se defende com uma única súplica: Que é que custava morrer de fome só pra fazer música?
Tom Zé bundão
Baixou o tom
Baba baby
Bebe e baba
Mané babão
Seu americanizado
Quer bancar Carmen Miranda
Rebentou o botão da calça
Tio Sam baixou em sampa
Vendido, vendido, vendido!
A preço de banana
Já não olha mais pro samba
Tá estudando propaganda
Que decepção
Traidor, mudou de lado
Corrompido, mentiroso
Seu sorriso engarrafado
(Tá errado isso aí, não é o Tom Zé que eu conheço.
Se fosse do Dolly, pelo menos)
Seguindo a ordem, em Zé a Zero, segunda faixa do disco, Tom Zé - acusado de traidor mané babão - elabora uma justificativa melhor para defender a súplica que encerrou a primeira faixa do disco.
Mas será revolução?
Pocalipse se pá?
Quando ligo na tv
Caio duro no sofá
Ô rapá, qualé que é?
A copa aqui co qui calé?
É cocó colá
Aqui copa coca acolá
Fazendo propaganda do tom zé
Zé a zero fim de jogo
Na garrafa uma canção
Foi lançada no oceano
Pra chegar no coração
Mas navega lentamente
Pois é indie e dependente
Nada pela contramão
Poxa, o anúncio televisivo não é o Tom Zé fazendo propaganda da cocó colá, mas é coco colá, aqui copa coca acolá, fazendo propaganda do Tom Zé.
Ficou confuso? Todo artista independente precisa de recursos para produzir seu material. No final, de maneira até irônica, o Rock Independente (o Indie) acaba se tornando dependente.
Tom Zé conta que os recursos vindos da gravação do anúncio ajudarão a financiar seus futuros projetos musicais. Ele postou em sua página do Facebook, como resposta às críticas, um texto que trata desse mesmo assunto.
Nos dias atuais vivemos a era da internet e a venda de disco passou a ter um peso insignificante. Já o papel desses lançamentos, em termos de divulgação, é muito eficiente
(...)Com a eficiente colaboração do engenheiro Marcelo Blanck, começamos a desenvolver alguma tecnologia, mas com recursos parcos, insuficientes (...) Aí entrou o anúncio da Coca-Cola que, mesmo sem ela saber, patrocinaria boa parte da pesquisa. Será que o uso dos recursos obtidos com o anúncio muda a avaliação de vocês?
E não é só hoje em dia que marcas de bebidas industrializadas patrocinam músicos e compositores. Na década de 70, Joubert de Carvalho criou uma clássica marchinha de carnaval denominada Ta-hi (Eu fiz tudo pra você gostar de mim), em apologia a marca de guaraná homônima. "Taí! / Eu fiz tudo pra você gostar de mim / Ó meu bem não faz assim comigo não / Você tem, você tem que me dar seu coração."
Usando a mesma base melódica do samba-enredo dos anos 70, misturada com uma "clássica" batida tchu-tchá-tchá do funk carioca (pois o que caracteriza a música independente é produzir o diferente), Tom Zé cria Taí, terceira faixa do álbum, a qual expõe o lado ufanista das críticas que se dirigiram ao músico e à Coca-Cola - vista, aqui, como símbolo do corrompimento do músico ao capitalismo.
Taí
São três gritos no meu sangue de guerreiro
Eu sou índio rei de angola e marinheiro
E tô no ovo
Porque Taí
O guaraná do nosso povo
Se o rei ianque quiser um dia
Descer do tanque, do pedestal
Tomar a força do guaraná
Tem que vir aqui
Ou mandar buscar
Se o brasileiro quiser um dia
Ser o primeiro na educação
Ganhar a força do guaraná
Tem que ir além
Tem que Irará
(Link para o vídeo da melodia original, da marchinha carnavalesca da década de 70 aqui)
É na irônica quarta faixa do álbum, uma das minhas favoritas, que Tim Bernardes e O Terno entram para a defesa de Tom Zé no tribunal, pedindo o perdão do músico para Papa Francisco, o qual virá para o Rio dia 22 desse mês (julho) participar da Jornada Mundial da Juventude.
Papa francisco vem perdoar
O tipo de pecado que acabaram de inventar
O povo, querida, com pedras na mão
Voltadas contra o imperialismo pagão
Sou a garotinha ex-tropicalista
Agora militando em um movimento
Já não penso mais em casamento
Mas se tomo coca-cola acho que estou me vendendo
Meu coração fundamentalista
Pede socorro aos intelectuais
Pois a diferença entre esquerda e direita
Já foi muito clara, hoje não é mais
Quero civilizar o capitalismo selvagem
Quero trazer a luz pra toda ignorância
Como bem-feitora – não desejo o mal
Assim como não quis o velho amigo Cabral
Para finalizar sua defesa, Tom Zé faz uma referência a sua cidade-natal, Irará, com Irará Iralá. Ele faz uma referência a diferentes nomes que fizeram parte de sua história, concluindo que os recursos da propaganda feita por ele será revertida em nome de Irará. Ora, o "Tom Zé Babão" que participa da propaganda da Coca-Cola é o mesmo Tom Zé que nasceu em Irará. O mesmo Tom Zé que, junto com outros grandes nomes da música brasileira, impulsionaram o movimento tropicalista.
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