sábado, 23 de fevereiro de 2013

Interpretando a música: Like a Rolling Stone (Bob Dylan)

 Não, essa não é uma música sobre os Rolling Stones. Alguém já te disse que "uma pedra que rola não cria limo"? Esse é um ditado antigo que nos traz a ideia de que algo ou alguém está em constante transformação, sempre está sujeita a mudanças, ou seja: ela é inquieta.
 Essa coisa pode ser entendida como o Folk Rock dos anos 60 e essa pessoa pode ser entendida como Bob Dylan.


Violão, gaita e camisa de flanela - como
os fãs do folk esperavam ver Bob Dylan.
 Para entender melhor o significado da música, temos que conhecer o contexto em que o Folk Rock - e também Bob Dylan - se encontravam naquele auge dos anos 60.
 O ano era 1965, Bob Dylan seria atração daquela noite. Todos estavam entusiasmados para ouvi-lo como ele sempre tocou, somente Dylan com seu violão acústico, sua típica camisa de flanela e sua gaita, porém aquela noite acabou entrando para a história da música.
 Lá estava Bob Dylan em pé sobre o palco, vestindo uma jaqueta de couro, óculos escuros e carregando uma guitarra elétrica! Ele também não estava sozinho, uma banda o acompanhava com mais uma guitarra elétrica, baixo e bateria.
 Quando Dylan e sua nova banda tocaram "Maggie's Farm" o público ficou boquiaberto. Pouco tempo após a "surpresa" a plateia começou a vaia-los com veemência. Chamando Dylan de "traidor", o público estava certo de que ele havia se vendido à alienação e ao comercio musical. Foi durante a execução da segunda música, "Like a Rolling Stone" que Dylan deixou o palco em meio as vaias.

 Peter Yarrow, do grupo Peter, Paul and Mary, que também participou do festival, comentou sobre o ocorrido:  “You don't whistle in church – you don't play rock and roll at a folk festival. It was as if all of a sudden you saw Martin Luther King Jr. doing a cigarette ad" (Você não assobia na igreja, do mesmo modo que você não toca rock and roll em um festival folk. Era como se, de repente, você visse Martin Luther King Jr. fazendo um comercial de cigarro.)
 Segundo o livro "O Som da Revolução - Uma História Cultural do Rock 1965-1969", do jornalista Rodrigo Merheb, a guitarra elétrica era "execrada por todos os puristas como símbolo da alienação produzida pela música comercial"

 Foi com a ajuda de Bob Dylan que a música passou do Folk para o Rock. Bob Dylan rompeu com os padrões impostos pelo Folk de sua época e começou a construir uma ponte de transição para o surgimento do Folk Rock.

                       Reação de fãs ao ver Dylan com instrumentos elétricos: "Judas!"
                       Reação de Dylan ao ouvir a reação dos fãs: "Play it fucking loud!"
                                                                                              E assim nasceu o rock...
                           
 É exatamente isso que "Like a Rolling Stone" significa. Uma geração que passava por mudanças que acabariam a direcionando para uma confusão de movimentos populares.  
 Ocorria a Guerra do Vietnã, em 1963 o presidente John F. Kennedy foi assassinado, também em 1963 Martin Luther King Jr. liderou Marcha sobre Washington e em 1965 Dylan se apresentou tocando uma guitarra elétrica.

 Literalmente a música fala sobre uma personagem feminina que costumava a viver em meio a fortuna. Ela costumava ir as melhores escolas, vestir os melhores vestidos, falar da maneira mais alta e se apresentar da maneira mais orgulhosa - porém agora ela não faz mais isso.

"Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you? - to trow the bums a dime = jogar moedas para os mendigos
(...)

You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
(...)
Now you don't talk so loud

Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal" - to scrounge = furtar, roubar

 Ela acaba perdendo toda a fortuna que costumava a ter, e agora, sem nenhuma experiência, ela se vê em um mundo estranho e hostil. Uma realidade totalmente diferente: sem festas, presentes preciosos ou anéis de diamante. 
  Assim como a geração de sua época, essa personagem feminina passa por grandes transformações em sua vida. Essas transformações podem levar, muitas vezes, ao caos e à confusão.
 Bob Dylan faz, subjetivamente, um dialogo com seus fãs, questionando como eles se sentem em meio a tanta confusão. 

"How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?"




  Um pouco mais sobre a música:
Capa de Highway 61 Revisited.
 "Like a Rolling Stone" está em primeiro lugar na lista das 500 Melhores Músicas de Todos os Tempos, segundo a revista Rolling Stone.
 É o primeiro single do álbum Highway 61 Revisited.
 Muitos artistas já fizeram versões da música, incluindo The Rolling Stones, David Bowie, David Gilmour (Pink Floyd), The Jimi Hendrix Experience, The Young Rascals , Johnny Thunders, Judy Collins, Johnny Winter (Edgar Winter Group), Green Day, Cher, Anberlin, Spirit, The Creation, Al Stewart, entre outros.
 A música fez tanto sucesso que as rádios começaram a toca-la, todos os seus 6 minutos, constantemente. Isso foi diferente para a época, pois as músicas das rádios raramente passavam dos três minutos.

Você tem algo a mais para comentar sobre a música? Concorda com o que foi escrito? Discorda? Já conhecia outras músicas do artista?
 Comentários, sugestões, pedidos e críticas são bem vindos!  
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Interpretando a Música: Feel Good Inc. (Gorillaz)

 É a principal música do álbum Demon Days e uma das músicas mais conhecida da banda virtual Gorillaz.
 A definição para "banda virtual", segundo o Wikipédia é uma banda "cujos membros não são músicos reais, mas personagens animados. As canções são gravadas pelos verdadeiros músicos e produtores, mas eles não aparecem em clipes, capas de álbuns, shows, nem em qualquer mídia relacionada ao grupo."
  Essa definição faz com que algumas pessoas classifiquem o Gorillaz como uma "banda de mentira" pelo fato das músicas do grupo não serem resultado do trabalho de integrantes permanentes, mas de uma colaboração de músicos de outras bandas.

 Uma característica marcante da banda é a maneira como as temáticas das músicas se relacionam com o conteúdo das animações que fazem parte de seus clipes.
 Apesar de ser considerada uma "banda de mentira" por alguns, a influência que a banda teve (e ainda tem) no mundo da música é marcante - conta-se com aproximadamente 15 milhões de discos vendidos em todo o mundo.


 "Feel Good Inc." é a sexta faixa do álbum Demon Days, o segundo álbum de estúdio do grupo.
  Já no início do clipe acima conseguimos perceber o barulho típico do espaço urbano: sirenes, helicópteros, trânsito e batidas de carros (ou disparos de armas, não consegui distinguir); toda essa agitação fica (muito) distante de uma espécie de torre acima das nuvens, a tal "Feel Good Inc."
 Podemos interpretar que essa cena urbana de violência e agitação fica muito distante de nossa maneira de sentir-se bem (to feel good), favorecendo o aumento do stress e da falta de contato entre os indivíduos. Ele também cita como os sentimentos se tornaram uma sensação artificial e efêmera:
"You've got a new horizon it's ephemeral style - (ephemeral = efêmero = momentâneo, passageiro)
A melancholy town where we never smile"

 Quando o clipe atinge o refrão da música, vemos o vocalista olhar para além da janela da torre. Lá ele se vê em um mundo totalmente diferente, há um moinho de vento girando em um local acima das nuvens, com cores mais alegres e na presença da natureza, porém há o vidro e as barras que o separam desse espaço agradável - espaço que logo é tomado pela escuridão e pelos helicópteros provenientes do espaço urbano. 
 Já li interpretações interessantes sobre essa parte do clipe, em que tendo em mente que os moinhos de vento giram de acordo com o ar, e o ar representa os ideais, a intelectualidade e a liberdade ("o ar da cidade liberta"), o moinho de vento representaria a vinda de novas ideias para o espaço urbano; ideias que são barradas (censuradas) pelo vidro e grades de uma janela. Esse moinho de vento (diversidade de ideais) gira constantemente, fazendo com que a sociedade aprenda cada vez mais - não ficando presa a uma única maneira de pensar e agir. "Windmill, windmill for the land/Learn forever hand in hand". Esses ideais trazidos pelo moinho de vento devem ser usados em benefício de todos e de maneira recíproca, mútua.

Capa de Demon Days (Gorillaz, 2005)
  A agitação típica desse cotidiano urbano também faz com que, muitas vezes, o amor seja esquecido. Não o amor que existe entre namorados, mas o amor com próximo, amor-platônico, amor ideal; a preocupação em ajudar outros indivíduos. "Love forever love is screaming/Let's turn forever you and me/Windmill, windmill for the land/Is everybody in?

 A música também cita os casos de "falsa felicidade" na parte que dá início ao rapper cantando: "Laughing gas these hazmats, fast cats (...) Ladies, homies, at the track/It's my chocolate attack".  A "falsa felicidade" pode ser entendida como uso de drogas, consumo excessivo de produtos industrializados e produtos da cultura de massa (que são difundidos pela mídia global).   
 Em geral, produtos que oferecem uma felicidade momentânea para o indivíduo, além de incitar a ideia de que ele somente alcançará a felicidade se consumir certo produto e agir de acordo com um certo padrão.
 O rapper, que aparece em um telão, representa a mídia. Ele prende toda a atenção do protagonista para reforçar a ideia de que ele deve continuar consumindo e agindo de acordo com as maneiras de agir e pensar impostas por ele (rapper)/ela (mídia). O protagonista foca toda a sua atenção no rapper e dança de acordo com a sua música.

 A música abrange muitos pontos negativos da vida urbana contemporânea. Ela fala da falta de amor, dos lados negativos de uma cultura globalizada e da agitação que existe no espaço urbano em geral. Ela também cita, de maneira subjetiva,  a variedade de ideias que se diferenciam daquelas oferecidas pela cultura globalizada - essas ideias dão origem a movimentos de contracultura e uma diversidade maior na maneira de se pensar e agir. 
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sobre "66" (O Terno, 2012)

A cena da música nacional anda muito bem. Existem várias bandas novas e de qualidade, um exemplo é O Terno. A banda paulista, junta desde 2006, é um power trio formado por Tim Bernades (vocal e guitarra), Guilherme "Peixe" (baixo) e Victor Chaves (bateria).

Seus trabalhos se iniciaram em 2006, mas tocavam apenas covers de bandas como Mutantes, Beatles e Kinks. Mas foi em 2009 que o trabalho com composições próprias começou. O disco "66" começou a ser composto aí.

Hora de falar do álbum: assim como os antigos vinis, tem dois lados! Um lado só com composições próprias, o outro com regravações de músicas de Maurício Pereira, que participou das gravações. Se puder notar, as vozes de Tim e Mauricio são parecidas. Mauricio é pai do vocalista. O CD está disponível para download gratuito no site da banda.

A melhor música do álbum é indiscutivelmente a faixa título "66". Possui uma sonoridade muito divertida e uma letra irônica em relação à música atual. Só ouvindo pra entender:

"Mas hoje o que toca na novela não tem graça
E vai pro rádio pra tocar mais uma vez
Então eu corro pra internet
Sou garoto antenado e baixo o novo embalo quente
Que é de 66
Sessenta e seis!"


A segunda faixa, "Morto" possui uma bela melodia... parece que alguém teima em continuar "vivo" ("por que não vê que já morreu?"). Para mim, a melhor do álbum depois de "66". "Enterrei Vivo", a terceira faixa, continua calma. A letra conta com um belo jogo de palavras, ao melhor estilo Humberto Gessinger (sim, sempre estou citando seu nome/músicas). A música seguinte, "Zé, Assassino Compulsivo", volta com uma ironia muito divertida, aliás ("Lalaralala, chop chop chop/Ai, como eu gosto de matar/Nada me deixa mais contente/E feliz a saltitar")

A partir daí o álbum tem a participação de Maurício Pereira, com destaque para "Compromisso", "Quem é Quem" e "Purquá Mecê". Mas o álbum todo vale a conferida, e quando digo que vale, vale MESMO. O grupo é ótimo. Um power trio dos bons, e, diga-se de passagem, ganhou os prêmios "Aposta MTV" no VMB e melhor clipe do ano (clipe da faixa título) no "Prêmio Multishow", no ano passado. Espero ouvir falar mais dessa galera.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Interpretando a Música: Grapevine Fires (Death Cab For Cutie)

 Depois de refletir por alguns minutos o que postar no blog, decidi criar um novo bloco para o Beleza Não Literal, o Interpretando a Música.
 O nome do bloco já é autoexplicativo, mas para poder entende-lo melhor temos que ter em mente que mesmo das mais simples afirmações nós podemos chegar a várias interpretações. É parte da natureza humana se questionar sobre as coisas - por que isso é assim? Como aquilo funciona? O que significa isto? Deve ser divertido trabalhar como compositor, escrever letras para suas músicas, e parte dessa diversão está em ler as mais variadas interpretações que seus fãs fazem das músicas.
 


Capa de Narrow Stairs (Death Cab For Cutie, 2008)
 Para começar esse bloco eu selecionei a música Grapevine Fires da banda de rock/pop independente Death Cab For Cutie. Ela está no álbum Narrow Stairs, é o quarto single da banda e está na 21ª posição da U.S. Bilboard Hot Modern Rock Tracks.
 
A música possui como instrumentos marcantes a bateria, e o teclado e a guitarra com sons melancólicos que se identificam com o clipe.

 Ben Gibbard, compositor da banda, afirmou que ela foi inspirada em uma série de incêndios que ocorreram no sul da Califórnia em 2007 e que forçou o evacuamento de muitas famílias, provocou destruição de casas e estruturas urbanas e feriu e causou a morte de algumas pessoas. Os períodos de seca e os ventos fortes só pioraram a situação. (Para saber mais: Wikipédia e YouTube)

  Antes de falar sobre a música, vou disponibilizar o clipe e a letra dela para vocês. Aí vão eles:




"When the wind picked up the fire spread (o vento foi uma das causas da propagação do fogo)
And the grapevines seemed left for dead - (Grapevine = videira, o arbusto que dá a uva)
And the northern sky, like the end of day, - (O céu estava coberto em fumaça, "assim como no fim dos tempos")
The end of days.

A wake up call to a rented room - (O chamado para a família evacuar do local)
Sounded like an alarm of impending doom - (O chamado soou "como um alerta da destruição iminente")
To warn us it's only a matter of time - (é apenas uma questão de tempo antes de tudo ser consumido pelas chamas)
Before we all burn 

We bought some wine and some papercups
Near your daughter's school when we picked her up - (Aqui surge uma personagem feminina, uma criança)
And drove to a cemetery on a hill
On a hill.

And we watched the plumes paint the sky gray
And she laughed and danced through the field of graves
There I knew it would be alright
That everything would be alright,
Would be alright
Would be alright
Would be alright.

And the news reports on the radio 
Said it was getting worse
As the ocean air fanned the flame(A visão que a mídia transmite sobre o acontecimento é uma visão pessimista, apontando somente a destruição e as perdas causadas pelo incêndio)
But I couldn't think of anywhere I would have rather been
To watch it all burn away.
To burn away.

The firemen worked in double shifts
With prayers for rain on their lips
They knew it was only a matter of time"

 Até um certo ponto, a música se apresenta carregada de emotividade, o que transmite tristeza, pois o protagonista só consegue pensar na destruição e nas perdas que o incêndio irá causar. Assim que a criança entra em cena o ponto de vista do protagonista começa a mudar.
 Apesar do medo que o incêndio causa nos adultos, a ingenuidade da criança faz com que ela não entenda o que se passa naquele momento, ela não entende a causa da evacuação de sua casa. Mesmo com os adultos temendo o incêndio e lamentando as perdas, a criança ri e dança alegremente. Essa ingenuidade é transmitida para o protagonista, que muda seu ponto de vista e percebe que, apesar de estar passando por uma situação difícil, no fim tudo estaria bem.  
 Lamentar-se não mudaria o rumo dos acontecimentos. O protagonista, que antes tinha uma visão pessimista do que estava acontecendo, passa a ter uma visão mais positiva.


 Observações sobre o vídeo:
 
Há um confronto entre os sentidos de perda. Por um lado os personagens buscam salvar todos os bens que eles amam (Televisão, botas, mobílias. Há até os integrantes da banda buscando salvar seus instrumentos aos 1:10); por outro lado o garoto busca salvar a namorada. 
 Há essa ideia de como as pessoas encaram as perdas: Será que os personagens sentiriam tanta falta de seus bens materiais assim como o garoto sentiria falta de sua namorada se eles fossem perdidos?
"TV This I love"

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Gasoline Rainbows - Uma coletânea beneficiente

 Era a noite de 20 de abril de 2010. Uma explosão ocorreu na plataforma de petróleo Deepwater Horizon, localizada nos Estados Unidos, mais precisamente no Golfo do México.  
 Dias após o incidente uma mancha de óleo se espalhou pela costa do país, aumentando de tamanho a cada dia que se passava.
 Foi um dos maiores derramamentos de petróleo no mar da história (e o maior da história dos Estados Unidos). Houve grandes danos para o meio ambiente, atividade pesqueira e turismo local - afetando toda a população local. (
Para saber mais: InfoEscolaWikipédia)


 Pensando nas pessoas que foram afetadas pelo desastre, a Global Green USA (grupo americano que faz parte da Cruz Verde Internacional) reuniu um grupo de artistas para a criação de uma coletânea musical visando auxiliar os que sofreram (e talvez ainda sofram) com as consequências do derramamento de petróleo: É aí que surge o Gasoline Rainbows (algo como "Arco-Íris de Gasolina"). 


Arte da capa de Gasoline Rainbows
 A coletânea foi lançada em 30 de Novembro de 2010 e está disponível desde então somente via iTunes (Link para iTunes). São 14 faixas no total, todas de um artista diferente - entre eles Phoenix, Edward Sharpe and the Magnetic Zeros, Silversun Pickups, The National, City and Colour, The Black Keys, Black Rebel Motorcycle Club, Vampire Weekend.
 

 O interessante do álbum é que algumas músicas foram escritas inspiradas unicamente no incidente ocorrido no Golfo do México. “Gasoline Rainbows”, de Amy Kuney e "At The Bird's Foot", do grupo City and Colour são exemplos.

 Eu procurei conhecer melhor a banda City and Colour após ouvir "At The Bird's Foot". A razão é simples: acabei me apaixonando pela música. Aí vai a letra para vocês:

 "There is a fire burning in the ocean - (incêndio causado após a explosão)
With death dark smoke and devil in the flames
You can see it burning from the valley
Oh you can see it from the high planes - (a mancha de petróleo no oceano se tornou enorme, uma visão assustadora quando observada de uma vista aérea)

When they went drilling(drilling = fazer perfuração, a procura do petróleo)
Searching for black gold - (ouro negro = dentro do contexto, bela metáfora para o petróleo)
To add more dollars to their names
Then one evening, so suddenly and violent(o incidente ocorreu de rompante)
There was an explosion they can't explain

Now in the Deepwater Horizon - (nome da plataforma de extração de petróleo)
They sensing it's a death storm
And at the bird's foot
'Cause all of this are drifting
For miles and miles
Poisoning the golf of Mexico

What about the eleven (Onze funcionários da empresa desapareceram com a explosão)
Men at the bottom 
Who sank into an underwater grave
And while they were sinking
And their lungs filled with oil 
They must have been screaming (to be saved)"

(Tradução em letras.mus.br.)
 *Não recomento seguir a música pela tradução (que foi feita por Google Tradutor). O melhor aqui é pôr seu inglês em prática (The books are on the table!)


 Comentários, sugestões, pedidos e críticas sobre o blog são bem vindos! Ajudem a divulgar a nossa página para que seus amigos possam apreciar a música com outros olhos (e ouvidos). Goodbye Blue Sky! Até a próxima.

Sobre "2" (Black Country Communion, 2011)




Não galera, não é uma banda country. Muito pelo contrário! O Black Country Communion é um desses "super groups" de rock, assim como o Chickenfoot, mas isso é assunto para outro post. Os integrantes impõem respeito: Glenn Hughes no baixo e vocal principal (ex Trapeze, Deep Purple e Black Sabbath), Joe Bonamassa na guitarra (um dos melhores na atualidade, para mim)  e vocal secundário, Jason Bonham na bateria (sobrenome bem conhecido, seu pai era baterista do Led Zeppelin) e Derek Sherinian no teclado (ex Alice Cooper, Kiss e Dream Theater). Os nomes falam por si. Vale um Google aí.

2 é o segundo álbum do grupo (super grupo, aliás), que está junto desde 2009. O primeiro foi Black Country e o último Afterglow. 2 é uma tremenda evolução de seu primeiro trabalho. O entrosamento da banda melhorou, as músicas estão mais definidas. Não que Black Country seja ruim, é ótimo. Hughes possui a autoria da maioria das músicas, o vocal principal também. Bonamassa surge em uma faixa ou outra.

O álbum como inteiro tem uma ótima qualidade, mas três músicas, para mim, despontaram. São coincidentemente as 3 primeiras faixas do álbum. A primeira, "The Outsider", começa forte, chega a ser convidativo. Riffs muito bem definidos, acompanhado de uma letra, digamos, intimidadora: "I'm the keeper/Know my name/Kill the reaper/Feed the flame/I'm a rider/Blood red sky/I'm the outsider/'til i die" (sou o guardião/saiba meu nome/mate o ceifador/alimente a chama/sou o piloto/no céu vermelho de sangue/sou o forasteiro/até eu morrer). O sentido da letra condiz realmente com a situação da banda na época, um tempo de renovação, por conta da evolução sobre o disco anterior.


A segunda,"Man In The Middle", mantém a pegada forte e de qualidade, com um refrão bem marcante. Ganhou um clipe muito bacana. A letra parece retratar um sujeito no meio de uma confusão, uma indecisão (Tell me can/Can you cry me a riddle), mas acabou não fazendo a melhor escolha, mas acabou nem se dando conta disso. Minha favorita do álbum.


Ah, as guitarras de 12 cordas... Humberto Gessinger faz belo uso delas, Bonamassa também. Na terceira faixa, "The Battle For Hadrian's Wall", o vocal fica por sua conta. Até aqui é a mais calma do álbum. A "Muralha de Adriano" é uma fortificação no Norte da Inglaterra, construída pelo imperador Adriano entre 122 e 126 DC, com a finalidade de proteção contra tribos da Escócia. A letra possivelmente retrata uma batalha ocorrida ali.

O disco alcançou a 71ª posição nas paradas americanas. Sua turnê passou primeiramente pelos Estados Unidos e depois pela Europa. Desses shows surgiu o DVD Black Country Communion: Live Over Europe. Ahh, mas isso foi em 2011! O terceiro disco da banda saiu ano passado: Afterglow. Tema para um post futuro, talvez.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Sobre The King Is Dead (The Decemberists, 2011)


 Meu álbum favorito de uma de minhas bandas favoritas. O nome do álbum é uma clara referencia ao álbum The Queen is Dead, da banda inglesa de rock alternativo The Smiths.

Capa do álbum The King Is Dead (The Decemberists, 2011)
 "The King Is Dead" é o sexto álbum de estúdio da banda independente de Portland, The Decemberists. Apresenta influências do Country e do Folk Rock (a música popular americana), com instrumentos marcantes como gaita (influência de Bob Dylan), violino e acordeon. Foi gravado na primavera de 2010 em uma fazenda nas redondezas de Portland.

 O disco se apresenta com a primeira faixa, "Don't Carry it All", deixando claro que o estilo musical da banda mudou do rock progressivo para um folk independente. "Here we come to a turning of the season" - aqui há uma bela metáfora para a mudança de estação, representando a mudança do estilo musical da banda.

 Além dessa beleza não literal que a banda apresenta com as músicas carregadas de metáforas (fazendo com que a interpretação fique por conta de quem a escuta), Colin Meloy (compositor e vocalista da banda) consegue criar belas narrativas a partir das músicas. No caso do The King Is Dead, os temas variam - há músicas que falam sobre amor, retorno à infância, culto à natureza e guerras apocalípticas, porém todas estão relacionadas com a simplicidade e o bucolismo do ambiente do campo (influência dos meses que a banda passou em uma fazendo nas redondezas de Portland para a gravação das músicas).



 "Calamity Song", algo como "Canção de Calamidade" (vídeo acima), apresenta um cenário pós-apocalíptico em que diferentes tribos começam a repovoar o mundo. Já li interpretações que falam que a música tem referências políticas, "When I was writing 'Calamity Song,' Sarah Palin was talking about how everybody was going to move to Alaska when the end times come.", afirmou Colin Meloy, quem escreveu a música (veja mais em http://www.songmeanings.net/songs/view/3530822107858856428/ ). Sendo uma referência política ou não, é uma das músicas que mais me chamaram atenção no álbum, tanto pela letra quando pela parte instrumental.



Outra música que ficou bem conhecida é "Down By The Water", primeiro single do The King Is Dead. Tanto o tema e a sonoridade da música fazem um retorno a uma infância nostálgica em uma pequena cidade com certas belezas naturais. Enquanto criança, o protagonista espera pela chegada do verão para aproveitar as férias "down by the water, down by the old main drag" ("the old main drag" é uma área portuária ao longo de um rio em Portland, local de origem da banda).

 Não só essas, mas todas as dez faixas do álbum são muito boas (também são bons assuntos para outras postagens do blog). Diferente dessas, "Rise To Me", "January Hymn" e "June Hymn" são canções mais calmas. Também nelas fica claro a representação das belezas naturais de Portland e de outros ambientes do campo. (Todas essas faixas estão disponíveis no YouTube).
 Comentários, sugestões, pedidos, elogios e críticas são bem vindos! Ajudem a divulgar nossa página para que seus amigos possam apreciar a música com outros olhos (e ouvidos). Obrigado !


Pretensão

 "Não sermos literais às vezes faz nossa beleza." O nome do blog surgiu daí, da música Sei Não, dos Engenheiros do Hawaii. Humberto Gessinger já explicou tudo: a não literalidade da vida, e, principalmente, da música, deixa tudo muito mais belo, mais gostoso de se ver, ouvir, entender.

 Nós aqui do Beleza Não Literal viemos justamente mostrar o lado (muitas vezes ignorado) da música - tem muito mais do que se pode imaginar numa canção ("ninguém se engana com uma canção"). Muitas coisas podem começar a fazer sentido (e outras podem ficar mais confusas ainda!).
 Criamos essa simples página para que possamos levar um pouco dessa compreensão, tentar fazer entender algo. Posso estar sendo pretensioso demais ao dizer isso, mas vamos entregar o que pudermos, e interpretar como pudermos. Discordâncias sempre existirão, por isso, compartilhe-as conosco para que possamos crescer juntos. E antes que me esqueça, sugestões de músicas/álbuns/bandas são sempre muito bem vindas!